A origem do apelido Garrido


Garrido

Brasão da família Garrido

De ouro, com uma banda de vermelho, abocada por duas cabeças de serpe de verde, acompanhada por dois lobos rampantes de negro, um em chefe e outro em ponta; bordadura de vermelho, carregada de oito aspas de ouro.

Timbre: Um lobo do escudo.


A origem dos apelidos muito antigos está, quase sempre, envolta numa nuvem de mito e fantasia, e os nobiliários não hesitam em contar lendas e histórias mais ou menos claramente imaginárias para justificar o surgimento de um determinado apelido.

É precisamente o que se passa em relação aos Garrido. Parece seguro que a família é de origem castelhana, e conta-se, tanto em Espanha como em Portugal, que a origem do apelido terá estado num episódio passado após a batalha do Salado (1340), que é narrado assim:

GARRIDO - Apelido espanhol procedente da linhagem de um nobre da família Dios Ayuda que possuía o Senhorio da Vila de Sos (Zaragoça). Teve sete filhos e, segundo a lenda, foi com eles servir o rei D. Afonso XI de Castela na Batalha do Salado. Depois da batalha e levando as suas ensanguentadas armas, Dios Ayuda e os seus sete filhos prestaram vassalagem ao citado Monarca, o qual, ao vê-los, disse: GARRIDOS FILHOS LEVAIS. E assim, os oito, pelo seu comportamento, ingressaram na Real Ordem de Banda.

Para além do aspecto perfeitamente lendário do episódio, tão ao sabor da fantasia dos cronistas dos nobiliários, o problema é precisamente o facto de o apelido ser uma alcunha, e, como tal, ter certamente sido atribuído a vários indivíduos ao longos dos séculos, alguns dos quais poderão ter dado origem a famílias diferentes, que de comum apenas terão o apelido.

Em Portugal, o primeiro Garrido de que há notícia é António Gonçalves Garrido, o qual foi Senhor da Casa de Garrido e da governança de Castelo de Vide. Era casado com Isabel Freire ou Ferreira. Supostamente, veio a abandonar o governo da sua Casa e abraçou o sacerdócio, chegando a ser prior de Bragança. Segundo o Cronista Frei Bernardo de Castelo Branco, António Gonçalves Garrido era descendente do tal nobre da família Dios Ayuda a quem o rei de Castela teria feito o comentário sobre os filhos tão garridos que o acompanhavam.

De António Gonçalves Garrido descendem os Coutinho Garrido (pelo seu trineto Lourenço Xavier Garrido, que casou com D. Dionísia de Melo e Coutinho).

O que falta é uma prova genealógica que relacione os Mello Garrido, filhos de Manuel Ignacio de Mello (1761-c. 1832), com estes Coutinho Garrido descendentes de António Gonçalves Garrido, ou com quaisquer outros Garrido anteriores ao século XIX...

Seria aliciante supor que, dos filhos de Lourenço Xavier Garrido e D. Dionísia de Melo e Coutinho, uns teriam usado Coutinho Garrido e outros Mello Garrido, o que era perfeitamente possível face à liberdade de adopção de apelidos vigente até ao século XX, mas não há qualquer indício de que tal tenha acontecido.

Em 1829, José Barbosa Canaes de Figueiredo Castello-Branco publicou, na sua obra "Arvores de costados de familias ilustres de Portugal", algumas árvores genealógicas de famílias portuguesas do seu tempo, nas quais surgem vários Coutinho Garrido e Mello Coutinho (e até Mello Coutinho Garrido), mas nenhum Mello Garrido que se possa relacionar com a nossa família. É possível, ou até provável, que exista uma relação familiar com estes Mellos e Garridos, mas falta definir exactamente qual seja.